segunda-feira, 27 de abril de 2009

A arte de lidar com as pessoas...ou com nós mesmos

(Adriana Rampi)
Paz mundial. Tema bastante abrangente e que talvez não fosse tão complexo se não fosse à dificuldade da primeira etapa deste processo: a paz interior.
Todo o ser humano nasce sem sequer ter escolhido nascer, o ser humano chora quando nasce, alguns por espontânea vontade ou senão por gentileza do médico, pra dizer ao mundo: “- Eu cheguei, estou aqui.” Há pessoas que crescem achando que chorar é a melhor maneira de dar ao
mundo o sinal de que existem, outras acham que só porque não pediram pra nascer que a vida tem uma dívida com eles. Pessoas nascem, crescem, morrem, nem todos evoluem.
O homem, desde o macaco, vem tentando se civilizar, isso dando crédito a teoria Darwiniana da Evolução, e com um pouco de sorte antes do apocalipse, agora considerando os escritos bíblicos e até o Criacionismo, a gente consiga pôr em prática a utópica definição de sociedade civilizada,
igualitária, que de tão perfeita paradoxalmente é quase um paraíso, lugar alias de onde duas pessoas foram expulsas por ter certa dificuldade de lidar com “regras”. Confuso pensar que desde o paraíso haviam normas, e punição, afinal porque era “paraíso” então? Adão e Eva poderiam ter protestado, mas infelizmente não havia nenhuma outra pessoa pra jogar a culpa. Talvez eles até tenham tentado lançar a culpa no maldito réptil que lhes ofereceu a maça, mas sua vontade reprimida de lançar a culpa em alguém foi muito bem distribuída nos genes dos seus sucessores. As pessoas tem um sério problema em admitir seus erros, admitir que o problema delas elas mesmas criaram, a culpa sempre é de alguém, não importa quem (ou o que), foi sempre uma causa maior. Na verdade as pessoas só são irritantes porque nós não sabemos controlar nossas emoções e deixamos algumas pessoas tirarem nossa sanidade antes mesmo de contar até dez.
Robinson Crusoé é um mártir, se isolou em uma ilha e não morreu de tédio. Poucos agüentariam passar vinte e oito anos sozinho sem enlouquecer, porque na verdade mais pura e límpida, o que assusta na solidão não é o fato de não termos ninguém, mas sim o fato de não termos ninguém além de nós mesmos como companhia. Se a pessoa não suporta a sua própria companhia, tem medo de solidão porque então os outros que são difíceis de conviver? Conviver é necessário para a sobrevivência. Há uma lista imensas de virtudes para desenvolvermos: tolerância, paciência, sinceridade, honestidade, altruísmo, e por aí vai. A arte de conviver, aturar e respeitar toma muito tempo. Talvez os vinte e oito anos de Robinson fossem pouco ou muito tempo para algumas pessoas, mas o fato é que ele se isolou. Não temos uma ilha pra nos isolar, então não evoluímos porque nos distraímos com o defeito alheio e esquecemos dos nossos.
O homem adquire e vende suas qualidades, as trocas mais bem pagas não envolvem capital. Rico são os que não vivem de desculpas, mas sim de soluções, que simplificam ao invés de complicar. As coisas são grandes ou pequenas depende do ponto de vista do observador, se as coisas não mudam, quem tem que mudar a percepção somos nós e exercitar a maestria de viver livre dos outros, sem necessitá-los pra nos desculparmos por nossas falhas.

Um comentário:

Haydensophie disse...

"Se a pessoa não suporta a sua própria companhia, tem medo de solidão porque então os outros que são difíceis de conviver?"

"sua vontade reprimida de lançar a culpa em alguém foi muito bem distribuída nos genes dos seus sucessores"

"Pessoas nascem crescem morrem, nem todos evoluem."

Frases impactantes. Bom texto. Escreva mais.