sexta-feira, 20 de novembro de 2009

O Caráter do Invisível

(Adriana Rampi)

A privacidade talvez seja a melhor forma de realmente se conhecer alguém, a ausência de olhos e julgamentos alheios nos permite ser quem somos, ou que queremos ser, sem nos preocuparmos com o que é certo ou errado aos olhos da sociedade. No íntimo das mentes se pode criar planos perversos, no silêncio e sigilo absoluto. Qual é o caráter daquele que não é visto? Qual é a conduta do solitário?

A imperfeição humana e seu frágil limite de caráter diante da tentação, e as linhas que traçamos até nossos objetivos, sem jamais negligenciar nossa fácil entrega ao erro, nosso impulso de seguir o caminho mais curto ao resultado desejado. Somos humanos afinal, com qualidades divinas do criador, e imperfeições peculiares à nossa raça e espécie.

Quem nesse mundo há de nos mostrar o que é certo ou errado, e quem de fato sabe o que é realmente o conceito de cada um? Se toda regra possui exceção, como saber discernir entre o caminho do bem e do mal e a tênue linha que divide eles?

Quem realmente deve ou pode doutrinar a hereditariedade? Há tantas pessoas que nascem na lama e se remetem a luz da boa ventura por sua reta conduta e tantas outras que nascem no meio da paz e trazem a guerra. O que realmente influencia na formação: o exemplo ou o conselho? Ou será que nascemos com a tendência a aprender aquilo que nossa personalidade genética atrai por semelhança?

E quanto ao pecado? Será o medo do juízo final que irá determinar que serei bom pra garantir meu celestial descanso eterno? Aquele minuto a mais na cama por pura preguiça, e a gula de quem comeu um pedaço a mais que fará realmente a diferença e me classifica pecador? E aquele que mesmo ateu age de boa fé com o próximo por acreditar no bem?

Quem delegou o papel dos pais à escola? E quem conseguirá que os valores sejam cobrados? Onde o direito do próximo começa, e porque vivemos nas grades e os bandidos nas ruas? Quem deixou chegar a esse ponto? E os direitos humanos que desumanizam, desvalorizam o humano direito?

Quem paga mais diz a verdade, quem mente antes diz a verdade, quem tem mais poder diz a verdade, então será que o certo é realmente a verdade?

Quem realmente tem caráter? O caráter do invisível, que mesmo sem poder ser julgado mantém-se herói das virtudes e valores, que oferece a outra face se preciso for, que se sacrifica pelo bem do outro, que é altruísta, que tenta, mesmo que nem sempre com sucesso, dar o exemplo e o conselho, ser o exemplo, mesmo que não receba nenhum reconhecimento. O caráter do que por vezes só é visível aos maus julgamentos e interpretações e que morre na cruz sem pecado, mas por pecados que não cometeu.

Quem somos quando não temos recompensas, julgamentos, reconhecimentos, cobranças, qual será nosso caráter quando sozinhos e invisíveis ao mundo?

Podemos parar um minuto e refletir a nossa sociedade, e os meios que não justificam os fins. Quero que meus filhos tenham valores e que os filhos dos filhos deles também. Quero poder ensinar aos meus filhos e quero que os professores o ensinem, e que a vida os ensinem, e que todo o ensinamento tenha pra eles esses valores, que os valores morais valham mais para eles que os valores monetários, e que eles não se vendam e que não tentem comprar os outros.

Espero que o mundo ainda exista pros meus filhos, e para o filhos dos meus filhos pois talvez tanta ganância e falta de caráter leve ao fim prematuro do nosso planeta, e que o apocalipse divino, ou o apocalipse do aquecimento global que o homem vem criando não engulam o mundo sem que antes as pessoas acordem, pois acordar tarde seria catastrófico pra nós e pro futuro que não chegaremos a ter, e pra história que não terá um fim e para todas as perguntas que a gente ainda não consegue responder.

Espero que o caráter do invisível seja o mesmo do visível, e que seja previsível ou pelo menos corrigível!

domingo, 15 de novembro de 2009

átomo do universo
embrião da Terra
parte ínfima da imensidão
e um breve sonho
assim somos nós, de forma individual
pequenos e grandiosos
sem poder e podendo
somos apenas o ponto apagável na história do universo
e da qual nem sabemos se fazemos parte
Quero um dia ir pra lua
quero que a lua se lembre de mim
(A.R.)
Os vícios da humanidade na forma mais simples de pureza que se pode pensar
enganar aos outros mas jamais a si mesmo
Não viver de ilusões porque a vida é tão efêmera quanto a crença e o efeito do entorpecente
Quero me imortalizar, quero a eternidade
perpetuar meu amor ao mundo e ser uma semente no solo
mas acima de qualquer expectativa e plano quero viver
sem vida sou nada e logo não existo
quero ter meu lugar, meus amigos, meu alguém e principalmente com eles ter minha história
quero o espírito pleno e minha alma sem pecados e meu corpo sem vícios
Quero ver o sol se pôr ao teu lado e ao teu lado ver ele nascer
quero estar contigo até o anoitecer da vida
onde ao deitar no leito de encerramento poderemos saber que vivemos um romance neste mundo de terror
(Adriana Rampi)